quarta-feira, 9 de março de 2011

AINDA ACERCA DAS OBRAS NO BEIRA-RIO:

Volto ao assunto, especialmente diante das inúmeras informações distorcidas que andam circulando por aí.
Assumi o compromisso de ter uma postura transparente com o nosso torcedor e, em razão disso, vou tentar esclarecer as dúvidas mais ocorrentes em forma de perguntas e respostas.
Minha preocupação maior é com o futebol, mas como Conselheiro do Clube sei o quanto as obras poderão interferir no futuro da nossa atividade principal.


1. HÁ RACHA NA DIREÇÃO DO INTER?


Não.
Estamos unidos no que se refere as obras e tudo mais.
A divisão existente é exatamente a mesma anterior as eleições. 
De um lado os que perderam a eleição e, do outro, os que venceram.
A atual diretoria entende que o modelo adotado pela gestão anterior fracassou. Aliás, como referido pela FIFA desde julho do ano passado.


2. OS ENGENHEIROS SABEM MAIS DE OBRAS?


Na gestão anterior, as obras eram assunto exclusivo do Vitorio Piffero, do Emídio e do Pedro Affatato, todos engenheiros.
O Emídio tem uma empresa de pavimentação asfáltica, o Affatato uma de sinalização de rodovias e o Vitorio é empresário, sócio de uma construtora.
A discussão atual não diz respeito ao projeto de engenharia, mas a sua viabilização financeira.
O fracasso do projeto é de sustentação financeira e não de engenharia.
Quanto ao estudo financeiro das obras, o Giovanni está muito bem assessorado, inclusive pelo mesmo assessor que alertou o Vitorio dos riscos no semestre passado.


3. DESDE QUANDO A FIFA REJEITOU O PROJETO DE VIABILIDADE FINANCEIRA DAS OBRAS?


Desde julho passado, exigindo do Clube garantias efetivas, pois entendeu que a mera venda de produtos (suítes e cadeiras), com ingresso de receita a longo prazo, não viabilizaria a realização das mesmas, tanto que pediu outras garantias financeiras.


4. POR QUE, APESAR DISSO, AS OBRAS FORAM TOCADAS E O BEIRA-RIO DEMOLIDO EM PARTE?


As obras foram tocadas com maior intensidade no período que antecedeu a eleição.
Por outro lado, o principal argumento do candidato derrotado era a reforma do Beira-Rio.
Salienta-se que naquela oportunidade o projeto de financiamento próprio já estava rejeitado pela FIFA.
Em dezembro passado, deixando de atender pedido da atual direção, houve a demolição de parte das arquibancadas e a assinatura de contrato com empresa para construir o novo padrão das arquibancadas inferiores.


5. HÁ INTERESSE POLÍTICO NO DEBATE SOBRE AS OBRAS?


Entendo que sim, pois se continuarmos com o atual modelo perderemos a Copa (o que já foi alertado pela FIFA), teremos que desembolsar valores para recompor o Beira-Rio com grande ônus para a gestão  do Giovanni.
Ficaria a ideia de que o Affatato queria as obras e fez de tudo para realizá-las e a atual gestão não.
Não podemos esquecer que com a atual situação financeira do INTER, severamente deficitária, não dispomos de um centavo para financiar as obras, eis que a venda de produtos como suítes e cadeiras é insignificante.


6. QUAL O PAPEL DO AOD CUNHA?


O Aod é um técnico, especialista em finanças, é colorado e foi Secretario da Fazenda do Rio Grande do Sul.
Ele foi contratado como forma de profissionalizar a gestão e faz isso muito bem.
Ele apenas analisa e apresenta os números, sem nenhum juízo de valor.


7. QUAL O PAPEL DO CONSELHO DELIBERATIVO?


O Conselho vai decidir, é dele a responsabilidade acerca dos próximos passos.
Ele conhece a situação financeira do Clube (exposição feita pela atual diretoria), bem como os riscos de cada um dos modelos.
No ano passado, a Comissão de Obras do Conselho alertou sobre a fragilidade do modelo (ausência de estudos mercadológicos), o que não foi revelado aos Conselheiros por decisão exclusiva do presidente do Conselho.
O presidente do Clube não poderia ficar silente diante de riscos que podem comprometer o futuro do Clube por gerações.
Ao contrário daqueles que comandavam as obras na gestão anterior, levou o assunto ao Conselho Deliberativo.


8. PODEMOS DESCARTAR A COPA E A FIFA?


Podemos e tenho escutado algumas manifestações nesse sentido.
O prejuízo seria a perda de uma oportunidade para a reforma do estádio e que é necessária.
O modelo financeiro é que não pode comprometer o presente nem o futuro do nosso Internacional.
Caso venhamos a perder a Copa, há o risco de ser credenciado outro estádio de Porto Alegre.
Quem lutou pela Copa no Beira-Rio foram os gestores anteriores.
Não podemos esquecer que ela foi festejada com manifestações públicas, como a realizada no parque da Redenção.
Outros clubes aproveitarão a oportunidade para reforma de seus estádios.


9. QUAL A VANTAGEM DE REFORMAR O BEIRA-RIO?


Mais conforto para os sócios e torcedores, aumento de sua capacidade, modernização de suas instalações inclusive para o futebol.
Um estádio moderno, construído até a Copa, permitirá maiores receitas com ações de marketing.


10. QUAL O MODELO ADOTADO PELA GESTÃO VITORIO PARA AS OBRAS?


Com recursos próprios (recursos vindos da venda do estádio dos Eucaliptos e antecipações de receitas pela venda de suítes e cadeiras).
O Conselho Deliberativo aprovou, tão somente, a antecipação de receitas com a venda de suítes e cadeiras e a venda dos Eucaliptos.
Como só vendemos 26 suítes (sendo onze pela transferência de negócios antes existentes), temos a seguinte equação: aproximadamente 28 milhões de reais (dos quais restam treze), pelo resultado da venda dos Eucaliptos e o ingresso em prazo longo da venda das 26 suítes para fazer frente a uma obra de mais de 200 milhões de reais.


11. HÁ COMO O CLUBE FINANCIAR AS OBRAS?


Não.
Uma das causas de não obtermos garantias bancárias é a situação financeira do Clube.
Não há como enfrentar as despesas mensais ordinárias e retirar dinheiro que não temos no caixa para pagar as obras da reforma do Beira-Rio.


12. POR QUE O INTER VENDE JOGADORES?


Para que ingresse dinheiro em seu caixa e com isso equilibrar as suas contas.
A necessidade de ingresso de valores é em razão do défícit (diferença entre gastos e valores recebidos).
São pagas despesas de pessoal, manutenção predial, juros bancários de empréstimos (só no último semestre da gestão anterior R$18.000.000,00), viagens da equipe, etc.
A mensalidade dos sócios representa aproximadamente 30% da receita.
Ela é muito importante, mas está longe de garantir a totalidade das despesas mensais.


13. QUAIS AS OUTRAS RECEITAS IMPORTANTES?


Televisionamento de jogos e patrocínios.


14. O QUE FOI DITO PELA FIFA AO INTER?

Que diante da fragilidade do modelo financeiro das obras, entendendo que havia risco de não serem levadas até o final em tempo hábil, pediu garantias bancárias ou parceria com empresa construtora.


15. O INTER BUSCOU AS GARANTIAS BANCÁRIAS?


Sim.
O Vitorio solicitou garantia para vários bancos e nenhum concedeu.
Inclua-se aí Banrisul e BNDES.


16. POR QUE OS BANCOS NÃO DERAM AS GARANTIAS AO INTER?


Pelo risco do negócio.
Bancos sempre avaliam o risco de um negócio e a capacidade financeira de quem pede empréstimo ou garantia.


17. COMO SURGIU A ANDRADE GUTIERREZ?


A empresa procurou o Vitorio para oferecer um modelo de parceria para as obras de reforma do Beira-Rio.
Na época, tendo optado pelo modelo de realizá-las com recursos próprios, não foram esgotadas as negociações.


18. QUAL A PROPOSTA DA ANDRADE GUTIERREZ?


Arcar com todas as despesas do projeto, inclusive as futuras exigências da FIFA, a preço fechado.
O que ultrapassar o orçamento apresentado não será da responsabilidade do Inter - modalidade preço fechado.
Somente na semana passada a FIFA apresentou novas exigências que não são desnecessárias (sala de imprensa, rede de informática, etc) e que não estavam previstas em nenhum dos orçamentos.


19. QUAL O GANHO DA ANDRADE GUTIERREZ?


Fica com o resultado das receitas novas (áreas criadas com a reforma), por 20 anos, devolvendo depois ao Inter.


20. HÁ ÁREAS COMERCIAIS?


Sim, está previsto um shopping de médio porte, abrigando lojas.
Ela se encarrega de procurar locadores, assumindo o risco do negócio.
Nenhum negócio desse tipo rende 100% a partir da sua inauguração. É preciso um tempo de maturação. Vejamos os exemplos dos shoppings de Porto Alegre. A maioria ainda está buscando resultados satisfatórios, o que demanda um certo período de tempo.


21. QUAL A EXPERIÊNCIA DO INTER NA GESTÃO DE LOCAIS COMERCIAIS?


Péssima - Saci, Barril, Gato do Alemão, etc.
Até mesmo o Centro de Eventos não dá os resultados prometidos na época de sua inauguração.
Em boa parcela o Inter se viu envolvido em ações de despejo e teve prejuízos.


22. TEMOS CAPACIDADE PARA GERIR NEGÓCIOS?


Não.
Nossa atividade como Clube é o futebol e devemos concentrar as nossas energias nele.
Além dele, o marketing (patrocínios) e a relação com os sócios.


23. HÁ ALGO A MAIS NAS OBRAS DA ANDRADE GUTIERREZ?


Embora o modelo de arcar com o custo vendendo suítes e cadeiras, deveria envolver um estacionamento (área crítica no Beira-Rio), no projeto inicial não estava previsto. No projeto da Andrade Gutierrez está previsto um edifício garagem.
Há, ainda, um centro de treinamento - CT - moderno e necessário paa o desenvolvimento do futebol.
Hoje temos carência de aproximadamente nove campos de futebol para todas as categorias (base e profissional). Há carência de alojamento, sala de musculação, etc.


24. O INTERNACIONAL PERDERÁ O SEU ESTÁDIO?


Claro que não.
Há várias manipulações políticas explorando o tema.
Seja o nome, seja o tempo de disponibilidade do estádio, tudo continuará sendo nosso.
Uma das especulações, diz com a possibilidade da troca de nome.
Como em qualquer local destinado ao uso público e relacionado com esporte, é possível dar nome de empresas a determinadas áreas, sempre com direito de veto pelo Inter.
Exemplo: Área VIP Banrisul... Tim... Reebok...


25. HÁ O RISCO DE EMPRESÁRIOS TORCEDORES DE OUTROS CLUBES DETERMINAREM NOME PARA AS ÁREAS DO BEIRA-RIO?


Escutei em uma entrevista que seria possível o Sr. Gerdau, Grendene e Vontobel darem a uma determinada área do Beira-Rio a designação de Eurico Lara!
Primeiro a seriedade desses empresários jamais permitiria ação de tal natureza.
Segundo, o Internacional teria direito de veto e não permitiria.


26. POR QUE O INTER NÃO  FAZ AS OBRAS LENTAMENTE, COM SEUS PRÓPRIOS RECURSOS?


Os tempos são outros, bem diferentes da época da heróica construção do Beira-Rio.
Seria como construir uma catedral e levaria, com certeza, muitos anos.
Logo, não há diferença entre construir agora e receber todas as áreas em plena atividade comercial em 20 anos e deixar o Estádio parcialmente reformado ao longo de vários anos.
A diferença é que não teríamos as vantagens de um estádio moderno logo.


27. A TORCIDA E OS POLÍTICOS PODERIAM AUXILIAR DE ALGUMA FORMA?


Não há dúvidas de que a torcida colorada é a maior e melhor.
Mas, imaginar que algo em torno de mais de 200 milhões possa ser feito com doações e até 2014 é desconhecer a realidade.
Alguns exemplos, como contratação de jogadores com campanhas perante os sócios, não deram certo em nenhum clube.
Atualmente, em todo o mundo, as grandes obras são feitas com parcerias entre empresas que exploram atividades econômicas diferentes.


28. O BEIRA-RIO SERÁ PRIVATIZADO?


O Inter e o Beira-Rio já são privados.
Privatizar é ceder algo que é público para empresas privadas (pedágio, energia elétrica, telefonia, etc).
Na realidade se trata de um acordo comercial entre pessoas jurídicas.


29. POR QEÊ A DIFERENÇA DE ORÇAMENTOS?


Porque o primeiro orçamento de 150 milhões não é real.
Ele não contempla a parte elétrica, móveis para as suítes e vários outros itens.
Apenas em uma adequação, o orçamento de 150 milhões pulou para 200.
Não podemos esquecer que o item segurança da obra que contempla uma cobertura é fundamental.


30. OUTRA EMPRESA FEZ PROPOSTA?


Quando o projeto de sustentação financeira ruiu e logo após a troca de comando no Clube. O presidente Giovanni corajosamente resolveu tratar a questão das obras com absoluta transparência.
Foi apenas nessa oportunidade que o Vitorio apresentou ao Inter a empresa Engevix. Já havia transcorrido mais de seis meses da negativa da FIFA em qualificar positivamente o projeto do Inter.


31. A ENGEVIX APRESENTOU ALGUMA PROPOSTA?


Não.
Apresentou uma ideia de negócio, nos seguintes termos: reforma do estádio; destinação para ela por prazo determinado, como na outra proposta da Andrade Gutierrez, de 15% das receitas novas; preferência nos negócios que envolvem o entorno do Beira-Rio e garantias pelo Inter ( direitos sobre jogadores, sobre os recebíveis de televisionamento - Clube dos 13).


32. QUAL A RESPOSTA DA DIREÇÃO DO INTER?


Que não tinha interesse em dar em garantia as receitas necessárias para o sustento do Clube.
Que entendia que a área do entorno será mais valorizada que a do Estádio.


33. O QUE É A CHAMADA ÁREA DO ENTORNO  DO BEIRA-RIO?


São as áreas previstas no projeto Gigante Para Sempre e aprovadas pelo município, como hotéis (duas torres), Gigantinho, marina, etc.
Segundo a atual diretoria, após a reforma do Estádio essas áreas terão incontável valorização e seria uma temeridade dar preferência sobre elas para alguém atualmente (antes de concluída a reforma do Estádio).


34. O QUE DISSE A ENGEVIX?


Que na realidade o maior interesse repousa na área do entorno e não na reforma do Estádio.


35. QUAL A RELAÇÃO DA ATUAL DIREÇÃO DO INTER COM AS CONSTRUTORAS?


Nenhuma.
Nem passada, nem presente e nem futura.
Não há relacionamento com a Andrade Gutierrez, nem com a Construtora Tedesco e nem com a Engevix.
Nenhum diretor do Inter mantém ou manteve qualquer negócio com essas empresas.


36. QUANDO O AOD CUNHA FOI SECRETÁRIO DA FAZENDA HOUVE ALGUMA ISENÇÃO À ANDRADE GUTIERREZ?


Nenhuma, o que pode ser comprovado.
As insinuações irresponsáveis devem ser debitadas aos interesses políticos, sejam internos (Internacional), seja partidário.
Repito: o Aod Cunha é um técnico e homem de reputação inatacável.

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