Depois que deixei a direção de futebol do Internacional, pouco tenho me dedicado a ler, ver e ouvir a imprensa desportiva. Tenho lá minhas razões.
Apesar disso, como é imensa a audiência da programação desportiva, me deparo com amigos que me ligam comentando o noticiário.
Tenho enorme respeito pela profissão de jornalista e, em especial, por alguns que se revelam talentosos.
Hoje fui chamado por um amigo que fez inúmeras referências ao comentário do Nanado Gross em seu espaço na Rádio Gaúcha.
Relatou que ele havia exigido uma providência dos órgãos de representação classista sobre o teor de uma entrevista longa que dei ao Jornal Web Sul 21.
Fiquei espantado, pois não recordava de nenhuma passagem que pudesse provocar tal alvoroço.
Mais preocupado ainda, pelo fato de imaginar aquilo que várias vezes testemunhei na imprensa, um verdadeiro julgamento sem defesa.
Fui ao texto.
Li, pela primeira vez e com a devida cautela. Confesso que achei a matéria muito interessante e fundamentalmente verdadeira.
Apenas em dois tópicos é referida a imprensa desportiva.
No primeiro deles, declinando uma opinião.
Disse aquilo que já havia referido até mesmo em palestras nas faculdades de jornalismo. Entendo que, comparativamente aos demais ramos da imprensa, do jornalismo, o desportivo é o mais desqualificado. E expliquei, por entender que é o que menos necessita de conhecimentos complexos.
É uma opinião que se insere no sagrado direito de opinar.
Durante todo o meu Curso de Direito, ouvi dizer que o ramo do Direito de menor complexidade é o Trabalhista.
Posso discordar, mas é direito fundamental das pessoas firmar juízo de valor frente aos demais ramos como o criminal, o cível, o tributário, etc.
Nem assim deixei de militar com exclusividade e por longos anos no Direito do Trabalho.
Fui adiante na matéria do SUL 21 e lá estava a pergunta do repórter: há jornalistas na folha de pagamento dos clubes?
R. Há das mais variadas formas . às vezes comprando livros, às vezes comprando CDs. Tem de tudo.
Repousaria aí o desafio às entidades de classe, impondo o respeitado Nando Gross uma enérgica atuação?
Também acredito que não.
Se há algo que aprendi a respeitar é a inteligência do indigitado.
Há sim, de várias formas jornalistas na folha de pagamento dos clubes!
Quando assumi a vice presidência de Serviços especializados do Inter, abrimos uma significativa aba no mercado de Trabalho. No início constavam da folha de pagamento o Nobrinho e o Claudio Distmann. Hoje temos mais de oito jornalistas trabalhando no Inter (Aleco Mendes, Felipe, Rogério, Natália, Alexandre Correa, Alexandre Lops, etc).
Acredito que nos outros clubes de futebol, especialmente no São Paulo exista número igual ou superior.
Sobre livros e CDS, no contexto futebol como atividade econômica, há um número que impressiona de jornalistas que fazem da atividade clubística matéria para seus livros que vendem e vendem muito.
Lembro de alguns: Osttermann, Paulo Roberto Falcão, Keni Braga, Claudio Distmann, Uda, Veríssimo, etc. Há um verdadeiro mercado de trabalho na literatura voltada ao futebol e a história dos clubes.
Embora em menor escala, mas também com significativa participação, há a edição de DVDs. Somente na época em que respondia pelo setor, vários foram os DVDs editados e comercializados. Todos contaram com a participação de jornalistas.
Quanto a afirmação tem de tudo, refere-se a ampla participação dos jornalistas nas mais diversas atividades que envolvem o futebol.
Os jogadores contam com assessores de imprensa e os treinadores também.
Enfim, o futebol é um grande negócio para todos, inclusive para os jornalistas e para as empresas de comunicação.
Acho que de tudo que foi dito, nem mesmo as mais combativas entidades que representam os jornalistas discordam.
Ah, já ia esquecendo.
Hoje há sites desportivos patrocinados, blogs e twitter com milhares de seguidores.
Pretendo voltar a sintonizar os programas desportivos e, com a mais absoluta certeza poder usufruir do inigualável gosto musical do Nando Gross!
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